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Sobre romantizar sacrifícios...

Como não admirar o comprometimento de alguém que é sempre o primeiro a chegar no trabalho e o último a sair? Como não valorizar àqueles que levam trabalho para casa? Ou admirar alguém que nunca recusa uma chamada? A cultura workaholic é tão glamourizada quanto é disfuncional. O mercado corporativo é cercado por alta competitividade e claro que desacelerar tem sido uma tarefa difícil. Com a chegada da pandemia e associada a tecnologia, os meios para se tornar um workaholic foram ainda mais facilitados. Esse período nos possibilitou termos um vínculo com o trabalho em tempo integral. Mas para milhões de profissionais, trabalhar em excesso é excitante, como uma espécie de status que te coloca no caminho do sucesso. E para essas pessoas, todo esforço compensa. Noites sem dormir, estresse, preocupação constante, baixo convívio social. Nenhum prejuízo equivale a satisfação de poder “chegar lá”. Atualmente, até mesmo os jovens profissionais também têm enfrentado uma pressão potencialmente tóxica com a necessidade de, através da “carreira dos sonhos” conquistar algo significativo, não importando a que preço. Enquanto isso, dia após dia, percebemos a exaustão física e emocional como belas, glamourosas. Nós simplesmente às romantizamos. Suas ações são valorizadas porque estão mascaradas pela responsabilidade e compromisso profissional elevados ao extremo. É claro que o assunto aqui não é sobre ter foco e/ou persistência. É sobre limites, sobre RESPEITAR OS PRÓPRIOS LIMITES. Faça uma breve reflexão de como tem feito a gestão do seu tempo e tente perceber em qual destes lados você está. Não respeitar os próprios limites gera um ciclo de exaustão e desgaste emocional e pode facilmente o adoecer. O culto ao trabalho em excesso, trouxe o burnout e suas consequências, afinal. Muito embora estejamos longe de mudar essa realidade – de glorificarmos o trabalho em excesso, muitas empresas estão atentas aos impactos que isso vem gerando e já investem em programas de saúde mental com palestras e sessões de terapia, por exemplo. Mas o papel das empresas vai ainda mais além. Elas precisam trabalhar fortemente na reeducação sobre a percepção do que é desejável, aceitável e efetivamente valorizado por elas. Ajudando, cada vez mais, a definir esses limites. Romantizar os sacrifícios tem mudado de ótica a passos lentos. Mas estarmos atentos aos sinais tem nos ajudado a nos colocar em outro patamar: o de finalmente, priorizarmos o nosso bem-estar.

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